Benefícios da Carne Branca para a saúde

Marcelo Pimentel

Jornalista formado na PUC/RJ com 25 anos de atuação em veículos especializados em alimentos, agricultura e pecuária.



Enquanto se considera como carne vermelha a carne de mamíferos como o boi, cordeiro, cavalo e cabrito, a carne branca é representada, genericamente, pelas aves e peixes.

carne branca

De qualquer forma, esta divisão não é oficialmente reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Quem a leva mais a sério é a área de gastronomia, que a inventou desta maneira, e os nutricionistas, para recomendar a seus pacientes o tipo de carne mais adequado à sua situação clínica.

Afinal, em vários aspectos, a carne branca é tida como mais saudável que a vermelha, conceito que será esmiuçado neste texto. E, gastronomicamente falando, estes vários tipos de carne rendem uma imensa diversidade de pratos, em todas as culinárias do planeta.

Além disso, também vamos falar aqui sobre os tipos de carne branca, seus benefícios, quando a carne branca faz mal e o que acontece a quem só come carne branca. Continue lendo!

Como identificar carne branca

A carne branca se distingue da vermelha por ter a coloração branca, ou no máximo rosada, uma vez que as aves e peixes costumam ter tempo de vida menor que os representantes da carne vermelha, o que faz com que não consigam acumular tanto ferro, por meio da alimentação. Além disso, a carne branca tem menos gordura que a carne vermelha.

Vejamos alguns destes tipos.

Frango

É a ave mais consumida no Brasil e no mundo, frequentemente indicada como alternativa mais saudável à carne de boi. Em compensação, tem ferro mais concentrado nos miúdos: moela, fígado e coração. Esta substância é importante para o transporte de oxigênio do sangue para as células; sua falta causa anemia e fadiga.

Sua vitamina mais abundante é a B3 (niacina), responsável pelo tratamento do colesterol e de outras gorduras no sangue, o que dificulta o aparecimento de câncer e de doenças como o mal de Alzheimer. B6 atua no tratamento do açúcar no sangue. Também é uma fonte de vitamina (que na verdade é hormônio) D, que controla inúmeras funções do organismo, e vitamina C, que fortalece o sistema imunológico, entre muitas outras.

Peru

Sua carne é menos macia que a do frango, porém também é muito recomendada por nutricionistas por conter menos gordura e carboidratos que esta, tanto para quem precisa comer menos dessas substâncias quanto para fisiculturistas, pois ela regenera os músculos após os exercícios e os faz crescer.

propriedades da carne branca

Tem muitas vitaminas em comum com o frango: selênio (funções antioxidantes: regeneração das células e combate dos radicais livres, retardando o envelhecimento do organismo), zinco (atua no crescimento, desde a barriga da mãe até a idade adulta) etc.

Mas uma substância importante encontrada nela é o triptofano, que tem a propriedade de produzir serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, entre outras funções. Assim, carne de peru é um dos alimentos que pode ser recomendado tanto para ajudar quem tem problema de insônia quanto quem tem baixa produção de serotonina, um dos fatores para certos tipos de depressão.

Pato

Comparando com as carnes de frango e de peru, a carne de pato é mais vermelha, tem maior teor de gordura e tem sabor mais marcante. No entanto, a maior parte da gordura está concentrada na pele, que dá para tirar, embora isso não seja tão recomendável, porque ela contém também muita glicina, aminoácido que, entre outras funções, ajuda na cicatrização e renovação da pele, e está associada também à longevidade. Além disso, esta carne também é uma boa fonte de ferro, selênio e B3.

Peixes

Há pelo menos dois mitos sobre peixes que precisam ser desfeitos: o primeiro é a frequente confusão dos peixes com os frutos do mar, uma vez que estes dois tipos de animais são pescados no mar.

Esta nomenclatura foi criada por povos ribeirinhos para se referir a moluscos e crustáceos, que são animais que, respectivamente, têm conchas ou carapaças e só são encontrados no meio marítimo, além de serem invertebrados; os peixes costumam ser excluídos desta classificação por não terem tais proteções, por também haver espécies deles que são pescadas em rios e por serem vertebrados.

O segundo diz respeito ao engano relativamente comum de se pensar que comer peixe não é comer carne, portanto os vegetarianos podem comê-los, por exemplo. Apenas a carne deles é menos gordurosa e proteica, o que a faz mais leve e que seja altamente recomendada como saudável. Seu grande valor nutricional provém mais das vitaminas que contém, veja só.

Peixes são famosos principalmente por conta do ômega 3, e quanto mais gordurosa a espécie, maior quantidade desta substância ela contém. Junto com o fósforo, atua na melhora da saúde do sistema nervoso e na formação das funções cognitivas (memória, linguagem, aprendizado, raciocínio lógico, tomada de decisões etc.). Eles também são fontes importantes de potássio (que melhora o sistema nervoso e fortalece os ossos), cobalto (que atua junto com a vitamina B12 nas suas funções), etc.

Coelho

O coelho está incluído na categoria das carnes brancas porque tem menos gordura até que o frango, embora tenha a carne mais vermelha dentre as carnes brancas e seja um mamífero. Em compensação, curiosamente, pode fornecer mais proteína até do que o boi. É menos consumido no Brasil do que na Europa, por falta de tradição, embora esteja lentamente se popularizando por aqui nos últimos anos. Sua carne é considerada mais delicada que a de frango, com praticamente o mesmo sabor.

Além disso, também fornece B3, B6, B12, cálcio (formação dos ossos e dentes), ferro, fósforo e potássio.

Aqui está, portanto, o resumo de todas as propriedades da carne branca.

Quando a carne branca faz mal

Aves

Frango e peru: a polêmica principal é que se essas carnes forem consumidas com pele, fritas ou mergulhadas em molhos gordurosos ou queijo, perde-se sua menor quantidade de gordura que a carne de boi como vantagem. Para quem quer preservar este benefício, elas devem ser comidas sem pele e cozidas ou grelhadas. E, apesar das vitaminas que ajudam a controlar o mau colesterol, têm praticamente a mesma quantidade de colesterol que a carne de boi, com muito menos ferro que esta. Portanto, tanto quanto ela, não deve ser consumida com muita frequência em grandes quantidades.

Outra questão está nas substâncias usadas para que essas aves criem mais carne em pouco tempo, que são os promotores de crescimento. Não confundir com hormônios, porque aqueles são produzidos pela indústria farmacêutica, embora tenham os mesmos efeitos nos animais em que são aplicados. Porque no ser humano seu efeito é outro: contribuir para a resistência de bactérias aos antibióticos, o que prejudica a cura de muitas doenças nas pessoas, além de potencializar o surgimento de versões mais fortes delas.

No caso do peru, há o adicional do peito de peru, alimento muito recomendado por nutricionistas a pacientes com uma dieta mais restrita em gorduras. Acontece que o peito de peru é um embutido, e, como tal, leva muitos colorantes, aromatizantes e conservantes artificiais para tornar sua cor mais atraente, seu odor e gosto mais apetitoso e maior seu tempo de prateleira. Alguns desses, como o nitrito e o nitrato, produzem substâncias cancerígenas no estômago. Além disso, esses produtos levam grande quantidade de sódio, que faz subir a pressão, o que é um fator para problemas cardiovasculares. Então, o melhor é evitar ou ir diminuindo o consumo.

Pato: o maior problema com relação a ele pode acontecer se ele for selvagem em vez de criação, pois sua carne pode estar contaminada com poluentes como o mercúrio e outros metais pesados. Assim, sempre procure saber de onde vem a carne que você come.

Peixes

Há pesquisadores que estão colocando em dúvida se o ômega 3 é mesmo tão importante ou eficiente para as funções do sistema nervoso, pois a indústria de pílulas de óleo de peixe criou o mito de que ele é milagroso. Eles descobriram que só ingerir estas cápsulas não é suficiente para substituir o consumo de peixes. Além disso, todo o valor nutricional deles não deveria ser reduzido a apenas uma substância.

Outra questão é que já há estudos comprovando que excesso de ômega 3 no organismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares.

Também é importante lembrar de sempre verificar de onde o peixe vem, porque sua carne pode estar contaminada com os mais diversos poluentes.

Coelho

Uma dieta cuja única proteína venha do coelho pode realmente matar de fome, exatamente pela falta de gordura, que é o combustível que o corpo queima para produzir energia. Assim, a gordura que já está na pessoa começa a ser utilizada para isso, e ela emagrece e sente-se cada vez mais fraca, podendo morrer de inanição.

E não para por aí. O nosso fígado só consegue metabolizar certa quantidade de proteínas por dia. Alguém que só comesse coelho também poderia morrer por intoxicação de proteínas, pois haveria uma grande quantidade delas, sem digerir, no seu sangue.

Quem só come carne branca

O ideal numa dieta é que carne vermelha e carne branca sejam consumidas em quantidades equilibradas, de preferência de forma alternada. Pessoas com problemas no sistema cardiovascular, renal, colesterol alto etc., devem consultar um nutricionista para saber como devem comer essas carnes, ou, se for realmente necessário, como tirá-las do seu prato.

Carnes brancas costumam ser recomendadas a pessoas que têm restrições alimentares por terem menos gordura, e assim serem mais leves e de fácil digestão. Porém, as proteínas encontradas na carne vermelha são mais parecidas com as que nosso organismo produz e estas são fontes mais abundantes de ferro e proteína de alto valor biológico (essencial para desenvolvermos peso, ou seja, para nosso crescimento).

Assim, a tendência é que quem só come carne branca ou proteínas de origem vegetal (tofu, lentilha) precise comer mais destes alimentos por dia, para obter a quantidade mínima destas substâncias.

Marcelo Pimentel

Formado em jornalismo pela PUC/RJ, há 25 anos atua no jornalismo especializado voltado para alimentos, agricultura e pecuária. Começou em 1995 como repórter na Revista Manchete Rural, onde foi também redator e chefe de reportagem. Fundou a revista Panorama Rural (1998) e o Portal Dia de Campo (2008), no qual publicou mais de 11 mil artigos, entrevistas em áudio e vídeos sobre o assunto.